Há setecentos anos atrás, num mundo governado por mulheres e onde os homens são meros súbditos, uma Viúva Negra profetizou a chegada de uma Rainha na sua teia de sonhos e visões. Agora o Reino das Sombras prepara-se para a chegada dessa mulher, dessa Feiticeira que terá mais poder do que o próprio Senhor do Inferno. Mas a Rainha ainda é nova, passível de ser influenciada e corrompida.E quem controlar a Rainha controlará o mundo. Três homens poderosos — inimígos de sangue — sabem isso. Saetan, Lucivar e Daemon apercebem-se do poder que se esconde por trás dos olhos azuis daquela menina inocente. E assim começa um jogo cruel, de política e intriga, magia e traição, onde as armas são o ódio e o amor. E o preço pode ser terrível e inimaginável.
O que dizer do inesquecível mundo que Anne Bishop nos apresentou?
O meu interesse nas obras desta escritora começou, como sempre, quando andava a deambular numa livraria à procura de algo que me prendesse a atenção. Então surgiu um título, já de si sugestivo, Filha do Sangue, que veio seguido por uma capa cativante e uma sinopse electrizante. Foi então que decidi adicionar Anne Bishop à minha lista de desejos literários.
Não podia prever que, assim que começasse a ler aquele que seria o primeiro de muitos, ficasse totalmente encantada com o mundo e, principalmente, com as personagens que figuravam neste primeiro romance.
O mundo que a autora criou destaca-se, não só pelo tipo de sociedade, mas também pela hierarquia que nele está presente. É-nos apresentada, através de uma escrita fluida e de fácil compreensão, uma sociedade matriarcal, onde a mulher é lei, mas simultaneamente uma sociedade dividida entre os bons e os maus costumes (por assim dizer). Existem aqueles, os poucos, que ainda prezam os valores antigos como a lealdade, a devoção e a entrega; por oposição existem aqueles que se deixaram corromper pelo poder, pela ambição e ganância desmedidas. De cativante nesta história há também a hierarquia de poder evidenciada através das jóias que cada personagem usa. Começando na jóia Branca, passando pela Amarela, Olho-de-Tigre, Rosa, Azul Celeste, Violácea, Opala, Verde, Azul-Safira, Vermelha, Cinzenta, Ébano-Acinzentada, chegamos à jóia Negra, o derradeiro poder na hierarquia das jóias. Mas aqui, contrariamente à crença popular, o negro, as trevas, palavras que associamos ao mal, ganham uma conotação positiva, de algo de bom.
É no meio desta sociedade que conhecemos as personagens. Tomamos conhecimento do "triângulo" central deste maravilhoso enredo. Conhecemos Saetan SaDiablo, o mais poderoso ser do seu tempo, alguém com uma sabedoria e paciência imensas; estabelecemos contacto com os irmãos SaDiablo: o impetuoso e impulsivo Lucivar Yaslana e o poderoso e, de certo modo, calculista, Daemon Sadi - também conhecido como o Sádico - (há que admitir que os nomes são bastante sugestivos).
Finalmente é-nos apresentada a protagonista desta trilogia: Jaenelle Angeline. Conhecemo-la ainda criança, não ingénua, mas ainda um pouco inocente e apaixonamo-nos por esta criatura que vemos crescer com o passar dos livros. Ela é o centro do "triângulo", os sonhos tornados realidade, ela é precisamente o que a sociedade necessita para prosperar e mais não digo.
Contudo, não são só as personagens principais que fazem desta autora uma das melhores da actualidade. As personagens secundárias, aquelas que ajudam os protagonistas e o desenrolar dos acontecimentos, personagens como Surreal, Karla, Kaelas, Colmilho Cinzento e todos os parentes, Andulvar e tantos outros que deixaram a sua marca são tão fulcrais como os protagonistas.
O último tópico, por assim dizer, de que quero falar é da humanidade presente nas personagens. Temos, nesta história, personagens que se mostram tão fortes, tão seguros de si e que depois, perante determinadas situações vemos que afinal também têm pontos fracos, o que apenas as torna melhores, mais humanas. É exemplo disto o Daemon, uma pessoa que conhecemos capaz dos mais atrozes actos quando é tratado com a mesma gentileza e respeito que um animal de rua, que se mostra forte e arrogante em todo o seu esplendor e que, no entanto, mantém a esperança de servir alguém digno de toda a sua confiança, e se mostra fragilizado e enlouquecido quando confrontado com a suposta morte dos "Sonhos Tornados Realidade".
Temos personagens que sentem medo, esperança, desejos, frustrações, ciúmes e que amam incondicional e irrevogavelmente com todo o coração. Vemos laços familiares serem criados de forma simples mas inquebrável.
É tudo isto e muito mais, são os momento emotivos e divertidos, os momentos de suspense e até mesmo as vilãs, Hekatah e Dorothea, que fazem com que o Mundo das Jóias Negras seja, sem sombra de dúvida, um dos melhores.
Bjs
Maff G.
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