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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Devaneio...

Olá!!!!
Sei que ando desaparecida, muito ausente e, sinceramente, com pouco tempo para me dedicar mais a sério a este meu cantinho :p
Mas hoje deu-me uma vontade súbita de escrever algo. Nunca vos aconteceu terem uma cena na cabeça e sentirem um "formigueiro" que nos urge a escreve-la de imediato? Eu tenho momentos destes com frequência e hoje deu-me para escrever esta cena:

"A única coisa que viu foi o sorriso. Quente, tão brilhante como nas suas memórias mais antigas. Foi a última coisa que viu antes de se deixar arrastar pela escuridão. E o último som que a sua mente registou foi o seu nome, numa angústia que lhe chegou ao coração.
O seu coração batia desenfreado nos seus próprios ouvidos, e o calor do sol tocou-lhe o rosto, fazendo-o regressar ao passado, aos dias em que percorria a praia dos milagres para apanhar os búzios que a maré insistia em arrancar do mar oferecendo-lhos como presente. O cheiro do mar também lá estava, fresco, limpo e salgado. Um aroma que nunca sairia das suas recordações pois não era só o mar que estava presente. Era o cheiro dela, e essa era a memória da qual nunca se conseguira livrar. Estava a começar a sentir a areia macia nos seus pés quando um forte empurrão o trouxe de volta à realidade. Alguém gritava o seu nome e a dor na sua perna ressurgiu, atirando-o de volta à consciência.
"

Bem espero que isto signifique que a minha musa inspiradora regressou  *-*

Bjinhos e Boas Leituras!!!
Mafs

terça-feira, 14 de maio de 2013

Uma boa dose de inspiração :D

Já vos aconteceu (principalmente a quem gosta de escrever) estarem quase no mundo dos sonhos e derepente ter uma ideia luminosa? Um rasgo de inspiração? De um momento para o outro? Pois bem ontem tive um momento de revelação. Um momento que fez  clic e que finalmente deu sentido a algo que ando a querer escrever há já algum tempo. Estava eu quase quase a adormecer, e a pensar em desenvolvimentos de historias que gosto de escrever, quando esse clic chegou. Depois pensei, "Mafalda tens de te lembrar disto amanhã para poderes escrever decentemente", e fiquei durante um bocado a "mastigar" a ideia, até que desisti, levantei-me, peguei no meu caderninho de ideias de escrita e apontei tudo. E foi assim que hoje de manhã acordei mesmo bem disposta e pronta a colar os dedos ao teclado. Resumindo fiquei mesmo contente xD


Bjinhos e Boas Leituras (e escrita)!!!
Mafs

sábado, 4 de maio de 2013

Marinheiro...


"Os seus olhos espelhavam a revolta do mar. Era marinheiro. Conhecia todos os portos que o mar criara em terra, tinha soltado amarras em todos eles e, no entanto, nunca largara a âncora. Nunca descobrira em terra a casa que o mar se tornara para o seu coração imprevisível. Nunca ficara mais de meses na mesma cidade portuária. Nunca regressara em definitivo ao lugar que o vira nascer. A incerteza em que se tornara a sua vida não era mais do que um reflexo da instabilidade das ondas que enrolavam na costa, batendo nos pontiagudos penhascos, dilacerando a terra que procurava imiscuir-se no seu espaço. Era com o vento no rosto e sal nos lábios, com os cabelos revoltos e os pingos de chuva marinha que a sua alma rejubilava. Cada passo que dava na direcção de um navio era mais um pedaço de vida que o seu espírito absorvia. Cada batida das ondas no casco da embarcação assinalava a batida do seu próprio coração. As velas que o vento embalava eram parte do sonho de muitos. Permitiam aos homens do mar o voo de uma vida. Eram as asas que incendiavam a vontade de chegar mais longe, que incentivavam a procura por mais."


Isto é algo que acabei de escrever inspirada numa belíssima música da TUM - Tuna Universitária do Minho - que por acaso é onde estudo :)
Apaixonei-me completamente por ela e não posso deixar de a partilhar por aqui. Acho sinceramente que há algo de mágico tanto na melodia como na letra. Excelente para relaxar e inspirar (pelo menos para mim foi).
As tunas são maravilhosas e se me permitem, a da minha estimada universidade é mesmo muito boa :D




Bjinhos e bom fim-de-semana!!!!
Mafs

terça-feira, 12 de março de 2013

Maldição (2)


Olha para nós! Somos como uma flor, começa cheia de vida, num mundo maravilhoso e feito para ser percorrido pela paixão que dela emana, desconhecendo a desgraça que sucede os primeiros, e únicos, dias felizes que partilha com o sol. Depois, apanhada de surpresa, a flor sucumbe ao frio rigoroso e inesperado, ficando de tal maneira fragilizada que acaba por perecer. Nós somos a flor fragilizada, perto do abismo. Dentro de nós vive a solidão, a agonia de saber que, embora não estejamos sós, estamos separados. Somos como uma flor murcha rodeada pela luxuriosa floresta de cores fortes, de vida. Vemos a vida passar-nos ao lado, percorremos o mundo onde ainda existe felicidade e, no entanto, um espesso véu transparente divide esse mesmo mundo em dois. E apesar de caminharmos do mesmo lado, não nos é permitido viver. É-nos negado o tocar. Ainda temos o falar, mas isso já pouco consola o meu coração. O simples toque da minha mão na tua face faria de mim a mulher mais feliz do mundo. Nós dois conheceríamos a derradeira felicidade se, por breves momentos, voltássemos a ser o jovem casal que namorava ao abrigo da noite estrelada, tendo como único foco de luz a chama abrasadora que fluía dos nossos seres. Das vezes que nos cruzámos durante estes anos, que passaram com a rapidez de séculos, provámos o sabor amargo da desilusão ainda que, nos breves momentos iniciais, os nossos sorrisos voltassem a ser sinceros, o nosso mundo voltasse a ficar completo e os nossos corações se sentissem de novo felizes. Mas o que nos atingia era uma felicidade falsa, porque depois desses momentos de esperança, a crua realidade voltava a cair sobre os nossos ombros, nunca deixando esquecer a maldição que nos enfeitiçava.

O texto acima apresentado é da minha autoria e vem no seguimento de uma outra minha publicação Maldição  , é parte de uma das minhas histórias

Espero que gostem ;)

Bjinhos e boas leituras!!!
Mafs

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Inspiração

Acho que finalmente achei a inspiração que me faltava para dar vida à história que anda a preencher os meus pensamentos ultimamente. Tenho de agradecer a uma grande amiga minha pela dica, por me ter apresentado a esta magnífica banda que parece ter devolvido a vida às minhas palavras :)

A banda chama-se The Lumineers e realmente veio iluminar o meu bloqueio :))

Deixo-vos uma música que passei a adorar ;)






Bjinhos
Mafs

sábado, 17 de novembro de 2012

Bloqueio Criativo...

Como raio se ultrapassa uma situação destas? Há já meses que me encontro com um bloqueio de escrita. tenho as minhas histórias, para as quais tenho ideias definidas, ordenadas na minha cabeça por ordem cronológica, no entanto sinto-me de momento incapaz de passar para o papel o que visualizo na minha cabeça. Faltam-me as palavras. Leio e releio o que já escrevi  não conseguindo dar seguimento ao que está já escrito. Sinto-me extremamente frustrada porque quero escrever e puff, as palavras fogem-me. suponho que seja só uma fase, como já me aconteceu noutras ocasiões, mas não deixa de me fazer sentir impotente face à minha faceta que deseja exprimir-se. Bem isto são desabafos de quem não está de todo a conseguir fazer algo que adora :'(

Peço a qualquer musa que possa dispensar inspiração um toquezinho de magia. Só para voltar a despertar o "bichinho" da escrita :P


Bjinhos e votos de um bom fim-de-semana recheado de inspiração!
Mfas

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Traição

"No gelo que as montanhas abrigavam, montanhas que rodeavam a imensidão do território gelado, encontrava-se ele. Erguia-se sobre o cume mais alto, em toda a arrogância da sua espécie, se bem que não fizesse verdadeiramente parte dela. Era um renegado, sempre fora. Não que alguma vez tivesse tido culpa, ou mesmo escolha. Mas assim que viera ao mundo, Kashthir fora marcado. As asas que faziam dele parte de um povo eram as mesmas que o tornavam um proscrito. As longas penas que ocupavam as suas costas, tão negras como as de um corvo, assinalavam a sua diferença. Raros, muito raros, eram aqueles que entre os laskorianos possuíam asas assim. O povo caracterizava-se pela brancura das penas que abraçava a neve como se fossem irmãos. O negro nunca teria lugar no meio deles. No entanto, o negro exercia fascínio nos restantes povos do território gelado. Fora assim que a conhecera e fora assim que a sua sorte acabara. Iannanual, senhora do território gelado, a rainha mais poderosa que até então nascera na sua casa, tinha sucumbido a esse fascínio, à sedução que o homem alado, o homem corvo, exercia sobre ela. À luxúria que libertava no corpo da rainha.
 Nunca fora sua intenção ser notado, nunca quisera dar mais nas vistas do que a sua genética permitia, contudo também Kashthir fora enfeitiçado pela doçura que Ianna lançava sobre ele. Ela não fora como os outros, não o repelira pela sua cor, não manifestara repugnância ou ódio, não o apedrejara. Olhara para ele como se fosse de carne e osso, com desejo e com algo que Kash julgara ser amor. E tinham vivido uma espécie de amor, uma felicidade aparente, irreal. Uma vida escondida, dupla, cheia de enganos e vendas. Porque quando a alvorada em que o conjugue da rainha descobriu o que se passava nas suas costas chegou, a vida secreta que amava voltou-se contra ele no tempo que demora uma batida do coração. A amante, com receio ao marido, distorceu a sua história, fazendo dele um monstro. Transformando o amor que ele sentia num ódio profundo. A faca da traição ficara cravada nas suas costas, de forma permanente, tal como o castigo que se seguiu. Porque o rei não deixou o assunto cair no esquecimento. A crueldade foi levada até Kashthir pela mão do governante do território gelado, e caiu nas suas costas sob a forma de um chicote que, apenas graças a cuidados muito posteriores, não lhe dilacerou as magníficas asas negras, como o rei pretendia fazer.
Era o passado que ele recordava, o passado que acontecera há séculos, quando Kash era apenas um jovem desmiolado procurando unicamente o consolo de ser amado, de não ser diferente. Agora, enquanto olhava de cima o palácio onde Iannanual ainda habitava, ele já não era esse rapaz. Era um laskoriano no auge da sua juventude, enquanto que a rainha que em tempos possuira o seu coração, era agora uma idosa matriarca. Era alguém que nada mais significava para ele do que um ódio tão profundo como as cavernas que subsistiam no centro do mundo."


O texto acima apresentado é da minha autoria. É de uma história que estou a desenvolver e da qual gosto mais a cada dia que passa. As personagens estão a cativar-me. Este é apenas um dos fios condutores desta minha história, sendo que haverão bastantes mais fios por onde escrever. As duas personagens acima apresentadas são Kashthir, um laskoriano de asa negras, cuja raça possui longevidade prolongada, sendo que ele é ainda um jovem adulto no presente. Qaunto a Innanual, ele é uma rainha poderosa, uma mulher ambiciosa e bonita, que no presente é já uma mulher de idade avançada, ainda que também o seu povo tenha uma vida prolongada. Aquando do seu envolvimento com Kashthir, ela já não era nova, já tinha muitos anos, sendo que ela era myuito mais velha que o rapazote que Kash era.

Bem espero ter aguçado a vossa curiosidade, porque esta história está longe de ter acabado. Ainda há muito para revelar acerca dos laskorianos, e da famíliua real do território gelado e não só...

Bjinhos e comentem, gostava de saber a vossa opinião :)
Mafs

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Personagens Pessoais (2)

Olá!
Hoje trago mais uma das minhas personagens. Apresento-vos o Keef (na verdade não sei se vai ficar com este nome), que vem acompanhado pelo Fox.
O Keef é filho adoptivo do chefe de uma tribo que é conhecida pela grande utilização de piercings. Ele tem cabelo negro e olhos azuis escuros. É uma pessoa com um grande instinto de protecção principalmente no que diz respeito à sua família adoptiva. Sobre as suas origens biológicas nada se sabe (pelo menos ele não se recorda), sabendo-se apenas que o encontraram a boiar na foz do rio, quase no mar e que o levaram à presença do chefe que o abraçou como filho.

Deixo-vos um pequenino excerto do texto em que esta personagem aparece pela primeira vez. Ele é visto através dos olhos de Kyonna. Suponho que possam imaginar o que vai resultar daqui :)  - ele ainda está muito pouco desenvolvido em termos de personalidade -.-


" Foi então que ela o viu, o guerreiro que a atacara quando ela tentara chegar à casa do chefe do clã. Movia-se na maresia como um peixe dentro de água. Com movimentos fluidos e graciosos. Com força e poder. Mas Kyonna não se ia deixar derrotar, não agora e não quando tanto dependia da sua tarefa. Erguendo-se da bruma que lentamente surgia atrás de si, Keef encarou as suas adversárias de frente e olhou a que se encontrava mais próxima nos olhos. O olhar de Kyonna foi trespassado por uns intensos olhos escuros como a noite que os cobria. O seu portador estava descalço, envergando apenas umas calças. Tinha um tronco esguio, como o de um espadachim, mas levemente musculado. Tinha cabelo negro como as penas de um corvo e todo o seu corpo gritava perigo."


Espero que tenham gostado :)
beijinhos
Mafs

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Personagens Pessoais

Olá caros bloggers! Hoje decidi apresentar-vos duas das minhas personagens. Conheçam a Kyonna e o Fox. A kyonna é uma das minhas protagonistas e o Fox é o seu melhor amigo. Esta minha personagem tem cabelos ruivos, olhos verde água e uma personalidade aparentemente fria. A verdade é que ela não é fria, ela é distante porque simplesmente deixou de confiar nas pessoas, foi enganada vezes suficientes para deixar de acreditar na bondade que existe em cada um de nós. Tem uma irmã gémea, Sylrah, que é precisamente o seu oposto. Apesar das inegáveis parecenças físicas das duas mulheres, elas distinguem-se pela coloração da íris que, no caso de Sylrah é cor de âmbar. Também neste meu desenho, além de Kyonna, aparece o Fox, criatura semelhante a um lobo que pode assumir duas formas: Um lobo gigante ou um filhote de lobo. Fox geralmente opta por assumir a segunda forma, uma vez que a usa como uma defesa enganadora, e como arma também, levando o inimigo a desvalorizar a sua força, julgando-o apenas um cachorro. Estas duas personagens são muito queridas uma da outra, desde que Kyonna salvou Fox quando era ainda adolescente. Desde aí o lobo tornou-se um defensor e protector feroz da jovem.

Espero que tenham gostado, estas são personagens ainda em construção, e cuja história ainda não está com um enredo muito consistente. Está a ser trabalhada aos poucos e poucos, como aliás estão todas as minha produções, e está gradualmente a ganhar vida.

Bjinhos e boa escrita e leitura
Mafs


(as personagens e os desenhos pertencem a mim)

domingo, 3 de junho de 2012

Sinto saudades. Saudades do breve momento que partilhámos. Sentado no muro do jardim, rodeados pelos nossos amigos, abraçaste-me. Colocaste o teu braço sobre os meus ombros e encostaste-me a ti. Nunca pensei que encaixássemos tão bem. Naquele momento senti-me aquecer e derreter  por ti. Foi nesse momento que me apercebi de que afinal não tinha acabado, não para mim e não ainda. Senti-me no céu, quente e confortável, importante. Abraçaste-me de forma tão espontânea e em frente a tanta gente que me fizeste sentir nas nuvens, e quando me beijaste o topo da cabeça cheguei ao paraíso. Mas não sei o que isso significou. Nunca sei dizer o que significa para ti o que vivemos, cada momento, por mais pequeno que ele possa parecer aos nossos olhos. E é isso que deixa o meu coração em suspensão. há espera do momento em que me digas qual o passo que queres dar a seguir, qual a direcção que vais tomar. Terei eu de viver para sempre em espera?

terça-feira, 29 de maio de 2012

Confusão...

Confusão. É este o nevoeiro que me tolda o espírito nestas horas tardias da noite. Não consigo compreender. Por mais que a minha cabeça volte a este ponto da minha vida, continua difícil de entender, de perceber o que se passa na minha alma e, principalmente, o que se passa na dele. Num momento sou ignorada para no instante seguinte estar quente e aconchegada nos seus braços. Braços esses que me fazem sentir em porto seguro, longe da tempestade que se abate quando estou afastada dele. As dúvidas preenchem o meu pensamento, fazem-me revirar nos sonhos e dispersam a minha atenção. Magoei o orgulho dele ao hesitar no instante em que algo mais poderia ter acontecido? Estou agora a ter mais uma oportunidade? Ou está ele a dar-me a provar na mesma moeda? Como é que eu, uma alma insegura até ao âmago do meu ser, posso acreditar que alguém como ele poderia olhar para mim desse modo? Porque somos tão diferentes, tão opostos em tantos aspectos. Ele é frontal e directo, é bom a discutir e tem uma cabeça dura como ninguém que eu tenha conhecido. Eu não. Se puder fugir a uma discussão, evito-a; não sou uma criatura social contrariamente a ele. Gosto de ficar em casa e ele gosta de sair. Nunca me embebedei, ele não passa uma semana sem o fazer. Dou por mim a pensar nestas coisas, a fazer comparações com coisas que não podem ser comparadas.
Há quem diga que os opostos se atraem e completam. Não sei se acredito nisso. Se a situação fosse um filme eu estaria em euforia porque saberia qual o fim daquela história. Saberia que acabariam juntos por serem tão diferentes, por serem o yin e o yang. Mas a realidade às vezes tem a sua própria maneira de desfazer os nossos sonhos, as nossas esperanças.



O texto acima é da minha autoria :) pertencea uma das minhas muitas histórias começadas e fadadas a nunca estarem realmente escritas...enfim...espero que gostem... (estava a sentir-me melancólica quando o escrevi)

Bjinhos
Mafs

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paixão numa noite de inverno/ Beijo encantado

 Venho hoje partilhar com vocês um texto que escrevi, se não me engano, em Outubro para um passatempo literário. Infelizmente não ganhei mas fiquei muito satisfeita com o resultado final deste texto. O passatempo consistia em escrever algo em que figurassem as expressões "beijo encantado" e "paixão numa noite de inverno. Espero que gostem tanto de o ler, como eu gostei de o escrever.

O tempo passava demasiado devagar. Cada segundo parecia uma hora, cada hora era transformada num dia e cada dia significava para mim a dor de esperar um ano. Recordava os momentos que tínhamos partilhado, recordava as palavras pronunciadas em sussurros, os murmúrios partilhados em confidência. Lembrava-me de tudo isto enquanto sentia a tua ausência, sentindo desvanecerem-se as memórias que tinha de nós. Relembrava, sentindo o coração apertado, as tuas promessas, promessas que, no decorrer das estações, tentei deixar para trás, mas que permaneceram, quais fantasmas, a pairar sobre todo o meu espírito. A noite foi a minha confidente. Revelei-lhe a ela, que sempre foi nossa testemunha, que presenciou o desabrochar dos nossos sentimentos, todos os meus receios e todas as minhas esperanças. Porque essas, essas chamas que se recusavam a apagar, permaneceram com o meu ser até ao fim. A noite sempre nos protegeu e presenteou-nos com a sua discrição. Permitiu que vivêssemos o que nos foi negado em demasia, o que a sociedade não aceitava e condenava. No entanto foi o sol que nos apresentou. Lembro-me com nitidez a primeira vez que nos vimos, que te vi. Recordo aquele esplendoroso dia de Inverno, aquela que se tornou a nossa estação. Caminhavas altivo, arrogante, com ar de caçador que procura a sua presa. Envergavas uma comprida capa de viagem, de um negro profundo que contrastava com o teu cabelo dourado. Os teus olhos espelhavam o límpido azul do céu e recaíram sobre os meus. E eu senti-me a ser impelida na tua direcção, como se um íman me puxasse para ti. Depois sorriste e inclinaste a cabeça numa educada saudação. Deslumbraste-me. E foi nesse momento que percebi o que era o destino, o que era aquilo de que me tinham falado tantas vezes e que eu sempre tinha renegado, desacreditado. Era tão senhora do meu nariz, tinha tantas certezas sobre o meu futuro e tu deitaste a baixo o que eu, ingenuamente, julgara ser o meu propósito. Um olhar e um sorriso foi tudo o que bastou para que o meu coração, que as pessoas erradamente diziam ser frio e duro como pedra, batesse descompassadamente e destrancasse uma das muitas fechaduras que acabarias por descobrir e abrir. Nesse inverno foste meu e eu pertenci-te de corpo e alma. Cada beijo que trocámos era um beijo encantado, uma magia que o nosso amor me levou a descobrir. As noites de Inverno velaram pela nossa paixão Mas esse Inverno foi tudo quanto tivemos. Porque quando a Primavera chegou tu partiste. Vivemos a nossa última noite de Inverno e quando a aurora rompeu o negrume, tu já tinhas partido, deixando-me apenas a última flor do Inverno, um lírio da paz, e um bilhete escrito com a tua elegante caligrafia dizendo: Voltarei, espera por mim.
E eu esperei. A chama da esperança recusou-se a desaparecer, ainda que tenha oscilado muitas vezes. À Primavera sucedeu-se o Verão e o Outono veio depois, dando lugar a um Inverno rigoroso. Foi então que, estando sentada no vão da varanda, acompanhada apenas pela noite, vi um reflexo dourado mover-se no negro da floresta que observava. Tinhas regressado. Nada parecia ter mudado. A tua arrogância masculina permanecia cativante e mantia ainda o meu coração cativo. Detinhas ainda, como pude constatar pelo palpitar que me assolou, a chave que derretia a minha muralha de gelo. Desci para a floresta e vieste ao meu encontro. Devolveste-me a magia com um beijo encantado, recordaste-me a nossa paixão numa noite de Inverno. Colocaste um lírio da paz no meu cabelo negro e deste-me a mão num gesto tão natural que o rio do tempo parecia não ter corrido. Pediste-me, com a tua voz enevoada, que fosse contigo, que fossemos embora, deixando tudo o que não era importante para trás. Pediste-me, como um cavalheiro, perdão pela demora, e não me fizeste falsas promessas, cumprindo as que me tinhas feito. Permanecias e continuaste o homem honroso e honesto que eu lembrava e pelo qual ansiava desesperadamente. Por isso não hesitei. A minha mão, que estava já segura e confortável na tua, estava disposta a seguir-te para todo o lado. O meu coração falava por mim. As palavras não eram necessárias para o momento que partilhávamos. Haveria tempo para elas, as palavras, as explicações. Naquele momento eu percebi a verdadeira felicidade. Foi isso que a tua ausência me ensinou. Aprendi a não tomar as coisas como garantidas pois, no tempo do bater de asas de um colibri, julguei ter perdido tudo, para agora recuperar esse mesmo tudo que me complementava.
Estamos juntos no presente, longe da opressão da sociedade, estamos juntos no passado, onde as memórias deixaram a sua marca, e sei que estaremos juntos no futuro. Teremos sempre e para sempre o lírio da paz que ainda guardo no meu livro preferido e, quando isso já não mais tiver para dar, teremos sempre as noites de Inverno.