Sinto muitas saudades de “nós”…
Quando foi que tudo começou a mudar?
Coloco a mim mesma esta questão demasiadas vezes,
E de cada uma delas
Encontro uma resposta diferente.
E nem por isso mais esclarecedora.
Recordo, com saudade, os nossos momentos,
Aqueles em que éramos nós contra o mundo,
Aqueles em que eu ainda sabia quem era
E quem tu eras.
Nós éramos nós, e não havia ninguém para o mudar.
Quando foi que crescemos?
Se começaram a desencontrar, a separar,
Até nada mais restar de nós senão lembranças?
Sobrando, junto com as memórias,
As cinzas de algo que, como a Fénix, se erguia sempre de novo,
Celebrando um novo ciclo, um recomeço.
Mas a última vez foi diferente.
Porque não nos voltámos a levantar, não erguemos o castelo depois da onda o abalar, o derrubar.
Não sei se por falta de vontade, se por falta da chama, do calor.
Contudo, independentemente do que poderíamos ainda ter sido,
Recordo com um sorriso nos lábios o que construímos,
Mas que o tempo levou, qual onda de destruição que desmorona um castelo de areia construído por crianças.
Talvez por essa razão não tenhamos sobrevivido,
Foram as mãos de duas crianças que se aventuraram num novo horizonte, algo desconhecido e excitante,
Que começaram a construir o que entre nós havia.
Depois deixámos o que existia nas mãos trémulas de dois adolescentes sonhadores.
Permitimos que deixassem o coração governar consoante os seus caprichos,
E fomos felizes.
Agora, dou por mim a procurar razões para não termos continuado,
E não as consigo encontrar.
No entanto, não encontro igualmente motivos para termos continuado.
Mas continuo a sentir-me saudosa e sem respostas às minhas interrogações.
E não sei quando começámos a ruir.
Foi, provavelmente, quando começámos a crescer e
Deixámos de ser as crianças e os adolescentes que fizeram de nós o que somos.
Não me arrependo do que vivemos, não me arrependo de termos acabado com o “nós”.
Mas sinto muitas saudades…
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