sábado, 29 de outubro de 2011

Nós - poema

Sinto muitas saudades de “nós”…
Quando foi que tudo começou a mudar?
Coloco a mim mesma esta questão demasiadas vezes,
E de cada uma delas
Encontro uma resposta diferente.
E nem por isso mais esclarecedora.
Recordo, com saudade, os nossos momentos,
Aqueles em que éramos nós contra o mundo,
Aqueles em que eu ainda sabia quem era
E quem tu eras.
Nós éramos nós, e não havia ninguém para o mudar.

Quando foi que crescemos?
Quando foi que os nossos caminhos, que sempre tinham andado de mãos dadas,
Se começaram a desencontrar, a separar,
Até nada mais restar de nós senão lembranças?
Sobrando, junto com as memórias,
As cinzas de algo que, como a Fénix, se erguia sempre de novo,
Celebrando um novo ciclo, um recomeço.

Mas a última vez foi diferente.
Porque não nos voltámos a levantar, não erguemos o castelo depois da onda o abalar, o derrubar.
Não sei se por falta de vontade, se por falta da chama, do calor.
Contudo, independentemente do que poderíamos ainda ter sido,
Recordo com um sorriso nos lábios o que construímos,
Mas que o tempo levou, qual onda de destruição que desmorona um castelo de areia construído por crianças.
Talvez por essa razão não tenhamos sobrevivido,
Foram as mãos de duas crianças que se aventuraram num novo horizonte, algo desconhecido e excitante,
Que começaram a construir o que entre nós havia.
Depois deixámos o que existia nas mãos trémulas de dois adolescentes sonhadores.
Permitimos que deixassem o coração governar consoante os seus caprichos,
E fomos felizes.
Agora, dou por mim a procurar razões para não termos continuado,
E não as consigo encontrar.
No entanto, não encontro igualmente motivos para termos continuado.
Mas continuo a sentir-me saudosa e sem respostas às minhas interrogações.
Como já disse, tenho saudades de nós
E não sei quando começámos a ruir.
Foi, provavelmente, quando começámos a crescer e
Deixámos de ser as crianças e os adolescentes que fizeram de nós o que somos.
Não me arrependo do que vivemos, não me arrependo de termos acabado com o “nós”.
Mas sinto muitas saudades…

A Minha Escrita

A partir de hoje vou passar a publicar alguns textos da minha autoria. Aviso já que sou uma pessoa muito romântica e , como tal, os meus textos não podem deixar de ter um bocadinho de romance, apesar disso nem todos têm essa componente romântica ;)

Bjs
Maff G.

sábado, 1 de outubro de 2011

Três Metros Acima do Céu de Federico Moccia

Três Metros Acima do Céu é um romance apaixonante e retrata uma história de amor entre dois adolescentes oriundos de contextos sociais distintos, que se conhecem na esplendorosa cidade de Roma. A intensidade da relação manifesta-se logo no primeiro encontro quando Babi, uma atraente e simpática jovem de quinze anos, conhece Step, um rapaz um pouco mais velho, com um comportamento muitas vezes agressivo e reprovável, que exerce sobre ela um invulgar fascínio. Em breve estes dois mundos (aparentemente) incompatíveis tornam-se um só, e as juras de amor eterno passam a ser a grande força motriz. Porém, Babi nunca aceitou inteiramente as atitudes violentas do namorado, nem o mundo subversivo e decadente a que Step pertence, e a relação envereda por um caminho sinuoso e inesperado… Um livro comovente e inspirador, que venceu o Premio Letterario Nazionale Insula Romana, na categoria de literatura para jovens adultos, e o Premio Torre di Castruccio, na categoria de ficção (2004).

     Este é um romance que, como muitos outros, conta a história, aparentemente cliché, da rapariga bem comportada e boa aluna que se apaixona pelo rapaz rebelde e perigoso (e vice-versa), não fosse, na minha modesta opinião, um livro que vai mais fundo. São abordados neste livro temas como o amor adolescente, a traição familiar, a perda de alguém que nos é muito próximo, a amizade verdadeira e a reconstrução gradual de laços que se pensavam quebrados.
     Por um lado, quando nesta história se fala de amor, vemos dois mundos distintos que se começam a entrelaçar e a conviver. São-nos apresentadas duas personagens que não podiam ser mais diferentes e que, no entanto, cultivam uma relação profunda que tenta ultrapassar as divergências que resultam dos mundos sociais a que pertencem. Por outro lado vemos os esforços que cada uma das personagens pertencentes a esses mundos faz para se integrar no mundo oposto. Vemos em Babi, a protagonista, uma rapariga dedicada à escola, de uma classe social mais abastada, que se esforça por se integrar e interagir com os amigos de Step. Vemos, simultaneamente, as mudanças que Step se esforça por fazer no seu comportamento violento e agressivo, e tudo porque Babi desaprova muitas das suas atitudes.
     Apesar do romance se focar principalmente na história de Babi e Step, história esta sobre a qual nada mais vou desenvolver (aconselho vivament a sua leitura), temos, ainda envolvendo as personagens principais, o deteriorar das relações familiares de Babi, a percepção dos motivos de alguns dos comportamentos erráticos de Step e a sua reaproximação com o irmão. Observamos de perto o desenvolvimento do relacionamento de uma amiga de Babi com um amigo de Step. Vemos a maneira como Step lida com a perda do seu amigo mais próximo.
São todas estas situações que fazem deste livro algo de envolvente e que acabam por fazer com que a história perca o factor, por assim dizer, cliché.
     Esta obra leva-nos a um mundo bem real, não existe aqui aquela magia dos contos-de-fadas, dos finais felizes para sempre, aqui é-nos apresentado o mundo real com muita da sua injustiça e desilusão, mas o qual aconselho a leitura. Este livro é para quem quer uma história de amor envolvente que tanto nos deixa com um sorriso a bailar nos lábios como uma lágrima no canto do olho.
    
Bjs
Maff G.